A vida é como o folhear de um livro.
Aos 16 anos viramos a página da infância, passamos das bonecas aos primeiros encantos, aos primeiros vícios, aos primeiros mistérios.
Aos 20, viramos mais uma pagina e emancipamo-nos, as coisas tornam-se mais claras, aprendemos o gosto da liberdade, voamos mais alto, os vícios tornam-se uma realidade e trocamos os encantos por amores.
Aos 30 . . . aos 30 somos donos da verdade, temos a liberdade e o poder para a usufruir em pleno, cometemos mais erros, aprendemos como uma esponja, vivemos tudo com mais intensidade e domínio . E aos 35?
Aos 35, paramos e pensamos, “ o que é que andamos aqui a fazer “, equacionamos tudo ao milímetro e viramos mais uma pagina.
Hoje, senti necessidade de parar, de pensar e de escutar a minha consciência. De olhar à minha volta e situar-me onde estou. De ver erro a erro, qual me fez feliz ao engano e qual me fez sofrer mais. De relembrar cada amor, cada paixão, cada homem que tive nos braços e cada sensação que vivi. As alegrias que partilhei, os sorrisos que causei e as lágrimas que me secaram. Os amigos que conquistei e as desilusões que passei.
Hoje, sinto que devo parar. Devo desistir de procurar um amor. Viver cada dia ansiando uma sensação, uma novidade.
Quando abdicamos duma convicção, ficamos vulneráveis a pequenas coisas, a pequenos gestos, a pequenas acções que antes não dávamos por elas e hoje valorizamos acima de tudo.
São essas sensações que eu quero viver, abdicar do que me faz estagnar e embrutecer, e beber cada segundo de tempo bom.
Assim, aos 35 viro mais uma página. A pagina da educação do coração.
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